14/10/08

pedregulho na consciência

Este domingo tive mais um susto, daqueles que me levam a pensar que a Mariana escapa à tudo a toda a hora. Fui escalar com ela e apenas mais um adulto, Mário, com ainda mais um puto, Cláudio, (coisa que depois das férias eu jurara a mim própria não fazer mais: depois das férias tinha chegado à conclusão inteligente que as crianças devem ser à razão de uma para dois adultos e que menos que isso é o cansaço mental e o esgotamento nervoso). Ora bem, como não andava a conseguir aplicar este ratio, porque há muitas mães que continuam a escalar (constatação do último fim-de-semana no Girls Petzl Rock Trip) e porque eu não sou menos que elas, achei que também havia de conseguir conciliar as duas coisas e prosseguir feliz e contente com a minha vida.
Lá fomos para a Azóia.
O dia estava muito bom, apesar de uma enormíssima carga de água que apanhámos no caminho, de antes ter de fazer 50km para buscar uma corda. Escalei pouco e fiquei cansada rápido. E naquela que era para ser a última via, como nas anteriores, fui em top. O Mário já tinha dito que a rocha não era sólido e que os putos deviam sair dali, mas as birras da Mariana fizeram com que a deixasse ficar, e o outro puto também. E pronto, como já se percebe pelo que foi dito, quando eu já estava quase no fim da via, agarro-me a um bocado de rocha que salta na forma de um calhau gigantesco, capaz de dar cabo de qualquer pessoa que apanhasse com ele em cima. Fiquei com um peso enorme na consciência, aprendi pela enésima vez a mesma lição: não podemos ceder às birras dos putos. Principalmente quando o que está em causa é a integridade física deles. O dia foi bom, mas a única coisa que me ficou gravada na cabeça foi o momento em que estava pendurada na corda e vi o pedregulho cair por ali abaixo sem poder fazer nada e sem saber como é que aquilo ia acabar. Pior ainda: quando a Mariana tinha meses, aconteceu uma situação semelhante. E pelos vistos não aprendi nessa altura. Andava com vontade de conciliar a escalada com a maternidade, mas parece-me que sempre é complicado.

Ainda tenho de pensar mais sobre como (não) fazer tudo o que quero.

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